Apresentação
“João Brandão é figura singular na crônica brasileira. Não é pseudônimo, como o Manassés e o João das Regras que em momentos diferentes ocultaram Machado de Assis de seus contemporâneos. Tampouco é personagem de contornos detalhados e vida própria como Tia Zulmira ou Primo Altamirando, criaturas de Stanislaw Ponte Preta – este sim pseudônimo, que acabou sobrepondo-se a seu criador, Sérgio Porto. João Brandão poderia ser definido, pelo menos a princípio, como um alter ego de Carlos Drummond de Andrade, gauche como convém ao poeta e de participação um tanto episódica em sua longa carreira de cronista. Mas a melhor medida de sua importância talvez seja mesmo este livro, que saiu pela primeira vez em 1970 reunindo publicações da década anterior. ”
É com essas palavras que o escritor e jornalista Paulo Roberto Pires, autor do esclarecedor posfácio desta edição, resume o papel da criação do cronista Carlos Drummond de Andrade. Embora figure numa pequena porção dos textos reunidos neste volume, o personagem drummondiano se impõe como uma consciência fluida – por vezes zombeteira, noutras melancólica – da vida e dos acontecimentos do Brasil das décadas de 1950 e 1960. E vai além: João Brandão funciona como uma espécie de repositório das opiniões de toda uma fração da sociedade (em especial, a carioca) a respeito dos grandes e pequenos temas de seu tempo. As mudanças nos costumes, a mesquinhez da vida política, a brutalidade diária – tudo isso é traduzido em prosa clara, acessível e de leitura imensamente prazerosa.
Porque Drummond é também um clássico da nossa crônica, tanto que seus textos não envelheceram um centímetro. A despeito de serem (como toda crônica, aliás) bastante relacionados ao tempo em que foram escritos, os artigos ainda possuem relevância graças ao estilo desassombrado do autor e a algo quase inefável, mas que é fruto de um rigoroso trabalho de estilo ao longo de décadas colaborando com jornais: a leveza e a inteligência sutil e penetrante que abarcam praticamente todos os aspectos da vida social, cultural e emocional de uma grande cidade brasileira.
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Sumário
História do animal incômodo
O cavalo
Opiniões
A cauda
A situação complica-se
Final
Para um dicionário
Telefone
Diabos de Itabira
José de Nanuque
O chope e a passagem
Impróprio para mineiro
Conversa de casados
A mesária
O amigo que chega de longe
Bombas sobre a vida
A fugitiva
Nova canção (sem rei) de Tule
Tudo de novo
O Rio em pedacinhos
O outro nome do verde
Dias que eles inventam
Do papai
Diploma
A nova aurora
Namorados no mundo
FMI
Escolha
O PTT
Descanso de garçom
A eterna imprecisão de linguagem
Na fossa
Acertado
A cápsula
No festival
Um livro, um sorriso
Antigamente
A datilógrafa
O indesejado
Os olhos
O importuno
O novo homem
O jardim em frente
Nós, antiguidades
Perigos e sonhos
Este Natal
Para cada um
O nome
Inativos
Encontro
Exercício de/sem (?) estilo
União nacional em três dias
A lixeira
O dono
Entre a orquídea e o presépio
Memorial das águas
Dois no Corcovado
Voluntário
Na treva
O telhado
Na escada rolante
A festa acabou
O beijo nos lábios
Sebastião explica-se
Cabral, em sua estátua
Queixa de uns óculos errados
Escolha seu batente
Casamento
Requerimento conservador
Um chamado João
Guignard na parede
Surge o poeta da flor
Que dia é hoje, Leninha?
História do cidadão no poder
João Brandão salvará o país?
Nova bossa: a qualqueridade
Começou assim o novo governo
Pedras no caminho de jb
Final (sem drama) da crise
O morto de Mênfis
Nota da edição
Posfácio
“O alter ego de todo mundo”. por Paulo Roberto Pires.
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Cronologia
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“Sentimento do mundo“, de Carlos Drummond de Andrade
“Os dias lindos“, de Carlos Drummond de Andrade
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